Ao samba. Era sábado de feijoada e samba no bar do Bira onde a gente se encontrava sempre para tomar uma cachaça, falar bobagens e musicar a vida. Eu tinha chegado bem antes e o Pedrão e o PH chegaram bem depois. Se atrasaram porque começaram a compor um samba e não conseguiam acabar e pensaram, "vamos logo para o Bira que lá agente toma uma e termina".
Quando chegaram com aquele repertório de palavras chulas que a amizade permite, de vagabundo a cafageste, passando por baitola e fidaputa, mostraram o samba depois de uma talagada, tinha a primeira parte e o refrão prontos. Eu, intrometido que sou, pedi para terminar, chiaram todos: "tu vai levar pra casa e não termina nunca", "pronto, agora é seis meses!", e etc... Disse que terminaria alí mesmo.
Pedi uma dose boa de cana, tomei minha postura de Chico Xavier e fiz a segunda parte inteira, é, tava inspirado, pedimos outras doses, tocamos o samba, outras doses, outros sambas, outras doses, de novo o samba... Assim nasceu SEMENTE que foi gravado no CD Samba de Botequim do meu grande, grande mesmo, amigo Pedrão.
SEMENTE
(Meyson, P.H., Pedrão)
Ah, meu samba
tristeza que nasce no coração da gente
É semente
que cresce e germina na solidão da alma
Minha calma
se perde e me escapa de forma sorrateira
Brasileira
que bate certeira na veia e na canção
O samba está no coração
O samba está no coração
Que pulsa como um surdo em meio a multidão
segue na batida sentida do meu violão
Ah meu samba
se espelha no rosto sorriso do bom batuqueiro
Centelha que inflama
a calma tempesta um carinho da mão no pandeiro
Verdadeiro
grito de guerra e alforria do bom brasileiro
Nesse anseio
de justificar o sofre ante a inspiração
O samba está no coração
O samba está no coração
Que pulsa como um surdo em meio a multidão
segue na batida sentida do meu violão
CD
Carmo
Meyson,criativo e sempre muito pontual...rsrsrsrs
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