sábado, 2 de junho de 2012

SEU MOÇO


Composta com referências de minhas infâncias. Música de figmentos de lembranças. Homenagem à minha ancestralidade próxima e a terra de meus pais. Nada mais e muito de mim.

SEU MOÇO
(Meyson)

seu moço
sou filho do norte
e cheguei nessa terra
trazendo na testa
as memórias de um povo
à esse quase quilombo
tenho o sangue nagô
e dos índios de lá


aprendi a voar
espiando meu pai
que corria descalço


hoje eu voo bem alto


o meu terno é de fé
trago um cravo na boca
e um mocó de rapé


ando muito à pé
pelo gosto de andar
por debaixo do sol
muito arriba do chão
se eu canto o sertão
é que meu coração
reza o agradecer


aprendi a cantar
espiando minha mãe
que dançava na chuva


meu rio fez tantas curvas



o meu terno é de fé
trago um cravo na boca
e um mocó de rapé


ando muito à pé
pelo gosto de andar
por debaixo do sol
muito arriba do chão
se eu canto o sertão
é que meu coração
reza o agradecer


Dina de Irraé e de Tuta
eu sou neto de Bené
o Sucuru sangrou num açude
onde vou lavar meu pé
o Cariri me chama é pelo nome de Sumé
onde o meu amor nasceu




mocó - esconderijo, local secreto onde se guarda algo ou alguém
rapé - tabaco moído para cheirar
Dina - minha avó materna também chamada pelos netos de Bobó
Irraé - Israel, meu avô materno, também chamado de Bobô
Tuta - minha bisavó materna, mãe de Bobó
Bené - Benedito de Oliveira, meu avô paterno
Sucuru - rio da cidade de Sumé-PB
Sumé - cidade do interior da Paraíba que me deu poesia e vida à canção
meu amor - Maristela





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